Um regresso inesquecível

"Guilherme! GUILHERME!" - gritava o Henrique, um dos meus melhores amigos, enquanto acenava para chamar a minha atenção. Aproximei-me e abraçámo-nos com força. "Estás mais gordo" - disse-me, a rir. "E tu com menos cabelo" - respondi, seguido de uma gargalhada em conjunto. Já não nos víamos há uns 5 anos, quando emigrei para a Alemanha. Tinha regressado a Portugal duas vezes, mas sem ver os amigos de sempre, pois foram visitas rápidas à família. Desta vez tinha conseguido duas semanas de férias, e tinha de matar as saudades da malta.

"Então, como está tudo por cá?". "Bem, vais finalmente conhecer o meu míudo, está uma peste... Ah, e espero que venhas descansado, porque logo à noite já combinei um jantar lá em casa". Confesso que naquele momento só pensava em cair numa cama e dormir umas horas, mas a ideia de ver a malta reunida dava-me a energia que precisava. Fomos para sua casa, e ao entrar fui recebido pela Joana, o amor da vida do Henrique, e um miúdo de 3 anos, envergonhado, ao seu colo. "Há muito tempo Gulherme!" - disse-me, colocando um braço à minha volta, seguido de dois beijinhos. "É verdade, demasiado, mas não mudaste nada! Só te gabo a paciência para aturar ali o careca... E quem é este homenzinho?". Continuava a enterrar a cabeça no ombro da mãe, mas lá consegui sacar um aperto de mão, e meia hora depois já estava a puxar-me para me mostrar a sua colecção de brinquedos no quarto. O jantar estava marcado para as 19h, e faltava apenas uma hora. Fui tomar um duche, e vestir uma roupa fresca. O dia estava quente, e nada fazia prever que a noite arrefecesse...

Poucos minutos após a hora combinada, começaram a chegar. Amigos chegados, alguns já casados, outros ainda solteirões, e a conversa a fluir como se tivesse passado apenas uma semana sem nos vermos. Mesmo no meio de algumas caras novas, sentia-me confortável. Depois de alguns aperitivos e dois copos de gin bem refrescantes, sentámo-nos à mesa. Tinham de ser duas para acomodar toda aquela gente, e reparei que ao meu lado estava a sentar-se alguém que conhecia apenas de vista. Sabia que se chamava Isabel, era colega de trabalho e grande amiga da Joana, mas só a conhecia das fotos que iam colocando online. Loira, de sorriso fácil, chamava facilmente a atenção. Trazia umas calças de ganga escura e um casaco de cabedal. "Ar de roqueira" - pensei, com medo que as palavras me saíssem mesmo pela boca. "Olá... Isabel?" - saiu-me. "Sim, e tu és o Gui não és? A razão deste jantar?" - respondeu-me com um sorriso rasgado. "Gulherme, detesto que me chamem Gui...". Rimo-nos os dois. Era um jantar para matar saudades, mas aquele elemento novo aguçava a minha curiosidade.

Antes da sobremesa, a pausa para fumar. Levantámo-nos uns quantos e saímos um pouco. A conversa continuava. A vida de emigrante, o trabalho, as condições em Portugal, a política, e o desvio obrigatório ao futebol. Ah que saudades daquelas tertúlias. Reparei que nenhum assunto afastava a Isabel de dar a sua opinião, nem os mais controversos que faziam alguns de nós corar, ou outros a começar a levantar a voz. Findo o cigarro, começaram a voltar para dentro, mas fiquei para trás, e antes que a Isabel seguisse também, toquei-lhe no braço e fiz-lhe sinal de fumar mais um. "Pode ser, mas tens de me oferecer que eu não tenho mais". Peguei no meu maço, que estava a meio, tirei um cigarro, pu-lo na boca, acendi-o, e entreguei-o a ela já aceso. Pude ver que a surpreendeu, mas não rejeitou. Pelo contrário, sorriu de novo, olhando-me nos olhos... Continuamos a conversar, e descobrimos mais um do outro, como o gosto comum de viajar e de aventuras. Voltamos para dentro e continuamos noite dentro, até restarem poucos, e até a Joana, da casa, se ter ido deitar. Sabia que nem tão cedo poderia revê-los daquela forma, queria aproveitar até ao fim. Mas pelas 4 da manhã já todos se iam embora, e não resisti a pedir o contacto à Isabel. Deu-mo sem pestanejar, desejando-me uma boa noite com um beijo na face.

A manhã seguinte não foi fãcil... Já não sabia beber, pelos vistos, e parecia que sentia o cérebro a acompanhar as batidas cardíacas. Mais um pouco e explodia. Mas o miúdo não queria saber disto tudo. Queria apenas alguém para jogar à bola com ele. "Deixa-o estar, ele está cansado" - ainda tentou o pai salvar-me, mas fiz sinal que estava tudo bem. Mesmo assim não me conseguia concentrar, nem tanto pela ressaca, mas pelas imagens dela que me percorriam a mente. O sorriso, as saídas inteligentes na conversa, a boa onda em geral... Já passava das 15h quando ganhei coragem e mandei uma mensagem: "Olá Isabel, daqui Guilherme... Só para dizer que embora tenha adorado recordar os momentos com o pessoal, gostei ainda mais de te poder conhecer. Beijo". Algumas horas passaram, e eu já pensava que tinha sido demasiado meloso ou atiradiço. Afinal de contas tínhamos falado algumas horas, nada demais...

A resposta veio por fim. "Olá Gui! (Estou a brincar :P) Também gostei muito de te conhecer pessoalmente. Por acaso tens planos hoje? Queres juntar-te para um café?". Respondi de imediato, e marcámos para as 21h num café que eu bem conhecia. Cheguei, e uns minutos depois ela, acompanhada de outra amiga. "Ok, percebi mal" - pensei, enquanto era apresentado. Após os dois beijinhos da praxe (outra coisa que se sente diferente quando se passa uns tempos fora), apercebi-me que o seu perfume já me era familiar, aquele aroma de flores, ligeiramente cítrico. E devia ter acabado de lavar o cabelo, trazendo um cheiro leve a côco, que se adequava perfeitamente à estação. A facilidade com que trocávamos de temas era impressionante, mas recordo-me de ficarmos um pouco mais a discutir viagens pelo sudoeste asiático, e pelas transformações por que passamos quando viajamos, sozinhos principalmente. Estávamos confortáveis, mas não podia deixar de pensar no porquê da terceira pessoa. Será que tinha receio de vir sozinha? Ou queria uma segunda opinião? As dúvidas perseguiram-me até adormecer, já em casa...

Nos dias seguintes falámos várias vezes, encontramo-nos mais algumas, com a Sónia, com o Henrique e a Joana, com outros amigos nossos, mas nunca sozinhos. A dúvida instalava-se lenta mas fixamente à medida que o tempo passava, e eu não conseguia fazer-lhe a pergunta com medo da resposta... O facto é que nos dávamos muito bem, e eu estava completamente atraído por ela. O olhar dela dizia-me que era recíproco, mas algo a fazia retrair.

Chegou a última noite em Portugal. Na tarde seguinte já voltaria à rotina em terras germânicas. Liguei à Isabel, e pedi-lhe que se encontrasse comigo depois de jantar, sozinha. Perguntou-me porquê, expliquei-lhe que queria apenas despedir-me em condições, como iria fazê-lo ao jantar com os meus anfitriões. Aceitou, e eu respirei fundo. O jantar foi bom, e já me estava a custar despedir-me, afeiçoei-me ao míudo, bolas... Infelizmente tinha de ser assim, embora o meu desejo fosse regressar em breve, e já todos sabiam disso. Antes de sair, o Henrique puxou-me pelo braço e sussurrou-me: "Atira-te mas cuidado que não sei se tens mãozinhas para aquela mota" - quebrando a seriedade com uma valente gargalhada. Sorri, sem jeito, sem saber o que dizer. Devia ser bem óbvio com quem me iria encontrar no bar de jogos de um amigo nosso...

Desta vez tinha chegado ela primeiro, estava sentada à minha espera, e só deu por mim quando lhe toquei nas costas. Levantou-se e abraçou-me como só ela faz. Tinha um vestido de cabedal preto, de alças, justo mas não demasiado, com a saia a terminar logo abaixo do joelho. Não perdeu tempo: "Então, porque me querias ver sozinha?". "Pensei que estivemos várias vezes juntos, conversamos bastante, mas nunca estivemos realmente só os dois, e queria ter essa experiência antes de regressar" - respondi, o mais controlado que consegui. "Ok, é justo, podes começar por pedir as bebidas" - soltou, sempre no seu jeito confortável. Bebemos uns copos, e eu sentia a coragem a subir proporcionalmente à quantidade de álcool que ingeria. Mas também sei que a curva não é sempre a subir, e estava decidido a não exagerar. "Queres saber um segredo?" - perguntou a Isabel. Eu aproximei a cabeça e ao ouvido disse-me: "Percebi que me querias desde a primeira noite...". Engoli em seco, e devo ter ficado sem uma pinga de sangue no rosto, enquanto à minha frente ela ria a bom rir. "Estou a brincar contigo Guilherme!". Estava a brincar, mas eu não consegui negar. Era a verdade...

Não sei se inconscientemente ou não, devo ter tomado aquilo como um convite, pois comecei a tocar-lhe no braço ou na mão enquanto falávamos. A troca de olhares tornou-se constante, e não havia como negar que também ela estava interessada. Finalmente soltei a dúvida que me assombrava nos últimos dias. "Explica-me uma coisa. Porque fazias questão de vir sempre acompanhada quando combinávamos algo?". "Queres que seja 100% honesta contigo?". "Sim, agradecia" - respondi. "Porque se viesse sozinha, provavelmente não resistiria a fazer isto" - disse, enquanto por baixo da mesa eu sentia um pé descalço a passar da minha perna ao meu colo, deixando-me completamente sem palavras. Recomposto, sorri-lhe. "Se o problema era esse, devia ter-te confrontado mais cedo". "Talvez devesses" - continuou, enquanto me deixava mais e mais excitado, percorrendo a zona do meu sexo com o pé. Continuamos nas provocações mútuas por um bocado, sempre a assegurar-me que não tínhamos olhares indesejados. Aproximava-se a hora de fecho do bar, e já conseguia ver o dono, meu amigo de infância, a arrumar as mesas e cadeiras, a cobrir as mesas de snooker, etc. Fazendo o possível para disfarçar o meu estado, pedi um momento e levantei-me para falar com ele. Quando regressei expliquei à Isabel: "Olha, pedi-lhe para ser eu a fechar o bar hoje e mandei-o descansar, em nome dos velhos tempos em que trabalhava aqui nos verões." O olhar dela mudou de doce e expectante para safado num ápice, e soube que tinha feito a escolha certa. O meu amigo despediu-se, e tranquei a porta por dentro de seguida.

Quando me voltei, vi-a a destapar uma das mesas de snooker. "Vai uma partida?" - desafiou-me. Fui buscar o conjunto das bolas ao bar. Coloquei o triângulo, e dei-lhe a oportunidade de abrir jogo. "Vais ter de me ajudar, que eu não percebo muito disto". Coloquei-me por detrás dela, para ajudá-la a segurar o taco de forma correcta. Quando estava a ensaiar a tacada, puxou o taco atrás, acertando-me de leve. "Ups" - disse, soltando uma risada provocadora. "Estás a brincar comigo não estás?" - perguntei, sem esperar uma resposta. A tacada que soltou foi quase de profissional, metendo duas bolas à primeira, e mais duas em seguida. "Pois, devia ter imaginado...". Jogámos um pouco, e rapidamente nos aproximamos da bola preta. "Queres tornar as coisas interessantes?" - desafiei eu desta vez. "O que tens em mente?". "Quem perder trata do outro?" - testei. "Já devias ter dito", e em segundos, meteu as últimas bolas, e a preta. Soltou umas gargalhadas e disse: "Mas não sou cruel, anda cá", abraçando-me e beijando-me suavemente nos lábios. Perdemo-nos ali por uns momentos que pareciam não ter fim, e o cheiro a côco do seu cabelo fazia-se sentir mais intensamente enquanto lhe mexia. Desabotoou-me a camisa enquanto tentava beijar-lhe o pescoço e as clavículas. Estava a sentir-me acelerado, como se tivesse bebido uns 10 Red Bull, quando na verdade nem num café havia tocado. Já de tronco nu, sentei-a no bordo da mesa e usando a minha camisa como almofada, deitei-a para trás...

As minhas mãos não demoraram a subir, e a encontrar caminho por baixo do vestido. Era justo, mas ainda me conseguia mover. Tirei lentamente as cuecas, pretas, de renda. E mais lentamente ainda, subi o vestido até ficar pela cintura. A luz era pouca, mas conseguia vê-la sorrir... Beijei-a de novo nos lábios antes de voltar para baixo. Estava a retribuir as provocações de antes, a beijá-la no interior das coxas, enquanto as massajava com as mãos, mas rapidamente senti as suas pernas a envolverem-me o pescoço para me fazer aproximar. O seu sabor era qualquer coisa... Sem esperar algo, era como se prevesse que soubesse assim, doce. O primeiro gemido que soltou arrepiou-me, mas não me demoveu. Com a ajuda de um dedo, deixei-a encharcada em menos de minuto, sem me preocupar com possíveis manchas na mesa... Enquanto a língua a provocava em redor do clitoris, o dedo fazia um vai-vem ao ritmo do seu corpo, estimulando a parte superior sempre que regressava. Como se estivesse a chamar o seu prazer. A certo momento senti a sua mão puxar-me a cabeça, e ouvi: "Chega, não quero que acabes já comigo...". Confesso que senti um certo gozo ao ouvi-la, e puxei-a para mim, sentei-a, beijando-a de língua. Sem demora retirei o vestido completamente por cima. Ficou ali, apenas de soutien. Quando reparei que fazia conjunto com as cuecas, apercebi-me que quem tinha decidido o que ia acontecer ali, já tinha sido ela...  Acabei por tirar a peça que faltava e debrucei-a, de barriga sobre o bordo da mesa. Tirei as minhas calças, as cuecas, e coloquei rapidamente um preservativo. Estava excitado já há bastante tempo, duro e lubrificado, pronto para o que se avizinhava.

Agarrei-a na cintura com uma mão, e com a outra guiei o meu membro duro ao encontro dela. Apenas com a cabeça, rodeei o clitoris novamente, e senti um espasmo dela... Penetrei apenas um pouco, recuando de imediato, e repeti. Ela olhou para mim com um olhar confuso, sem dizer nada. Mas quando ia repetir, foi ela a empurrar o corpo para mim, fazendo-me deslizar completamente dentro dela, enquanto soltava um longo gemido. Olhou de novo, e sorriu. Estava a deixar-me louco. Acelerei o passo, e naquele momento segurava-a já não pela cintura mas com as mãos agarradas aos seios. De cada vez que ela olhava para trás, o meu coração saltava uma batida. Estava a foder-lhe o corpo, e ela estava a foder-me a mente... Levantou as costas e eu consegui aproximar-me, beijava-a nos lábios, no pescoço, tudo enquanto absorvia o seu aroma, segurando o seu cabelo.

Já completamente suados, interrompi o ritmo, e ajudei-a a trepar completamente para cima da mesa. Percebeu logo o meu objectivo e espetou o rabo para mim. Subi também, e voltei a penetrá-la, desta vez sem perder tempo. Os gemidos seguiam o ritmo das estocadas, que se tornavam mais rápidas e mais fortes. Apertava-a pela cintura e pelo rabo, segurando-a para não ir para a frente enquanto os nossos corpos batiam violentamente. As suas costas arqueadas com o cabelo longo a percorrê-las, eram uma vista divinal onde me podia perder por horas. Há muito, muito, tempo que não me sentia assim, tão vivo, tão em sintonia com alguém. Louco pelo físico, arrebatado pelo resto... Mas queria mais, e quando nos sentia a aproximar do clímax, parei. Virei-a para mim e voltei a beijá-la, vários beijos longos de seguida. Olhei-a nos olhos, e perguntei: "Estás pronta?". As sobrancelhas arquearam em dúvida, mas respondeu afirmativamente. Deitámo-nos na mesa, a cabeça dela deitada na almofada improvisada, e envolvemo-nos num só. Os seus gemidos já não seguiam um ritmo, e assemelhavam-se a gritos abafados. Conseguia sentir os nossos corpos suados a deslizar um sobre o outro, mas estava focado. Nela. No seu prazer... Segurei-a pelos pulsos, afastando os braços, e fui mais fundo, mais forte. A sua respiração estava completamente irregular e audível, e começava a sentir ligeiros espasmos que me indicavam o quão perto estava. Trancou as suas pernas em meu redor, fazendo-me aproximar ainda mais. Levantou um pouco o rabo da mesa e estava num ângulo perfeito. Ela estava prestes a viajar, e eu iria juntar-me a ela! Soltei-lhe as mãos e o seu instinto foi imediatamente segurar-me a cabeça e o pescoço. Os nossos corpos entraram em erupção, numa série de contracções totais! As pernas estremeciam sem parar, e os dedos dos pés quase se enrolavam uns nos outros. Tudo isto ao som de um longo gemido em uníssono...

Praticamente sem forças, deitei-me ao seu lado, ainda ofegante. Depois de uns segundos em silêncio, disse-me: "Se querias mais um motivo para regressar, aqui o tens...". Sorrimos os dois a olhar um para o outro por largos minutos. Se não acreditam em amor à primeira vista, talvez acreditem em amor à primeira foda, e como consequência daquela noite, para além de ter de pagar uma nova cobertura da mesa, foi o facto de que hoje já não tenho de vir a Portugal passar férias...






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