Um café escaldante


No coração da cidade, entre a correria dos residentes e os olhares dos turistas, havia um pequeno café onde encontrei a Sofia pela primeira vez. Ela era um farol no meio do caos, a sua gargalhada uma melodia que se fazia ouvir acima de todo o ruído de conversas e loiça. Os seus olhos, num cativante tom de avelã, brilhavam com aquela confiança que seduz e ao mesmo tempo intimida. Era uma mulher independente, dona de si, e calorosa como o sol do meio-dia.

Eu, por outro lado, era um tipo assombrado por fantasmas do passado. Tinha provado o amor, e o pior que ele pode trazer, a perda da rejeição. Talvez por saber que pelo menos essa relação estava sob o meu controlo, pensava eu, abusei do álcool e tudo o que me entorpecesse os sentidos, mas principalmente os sentimentos. Eu era um resquício de homem, com medo de me abrir, de me tornar vulnerável, de ir ainda mais ao fundo... mas, coincidência ou destino, lá estava eu frequentemente naquele café, atraído como uma traça a uma chama. 

Não sei se já se tinha apercebido sequer da minha presença naqueles dias de primavera, mas encontrava-a muitas vezes, no que se tornou quase uma rotina.
Sem surpresa, foi mesmo ela a quebrar o gelo numa manhã particularmente fria.

"Dia preenchido?" - perguntou-me, enquanto eu tentava ajeitar os documentos que me enchiam a mala. 
"Desculpe?" - foi o que respondi, ainda atordoado pela abordagem tão natural quando eu já tinha ensaiado mil tentativas na minha cabeça. 
"Perguntei se hoje tem um dia preenchido. Leva aí uma papelaria." - completou com um sorriso rasgado. 
Eu sorri de volta desajeitadamente com "Er... sim, sim, papelada de trabalho legal, chato". 
"Hm temos advogado? Já sei quem chamar quando me meter em sarilhos" - atalhou com um piscar de olhos que quase me fazia engolir em seco. Esbocei um sorriso apenas...

Foi a primeira de várias conversas que se seguiram, e ela tinha o dom de me deixar cada vez mais confortável. Sentia-me bem naquele curto tempo com ela, enquanto falávamos sobre tudo e sobre nada.
"Sempre quis viajar e conhecer o mundo" - disse-me uma vez, com entusiasmo nos olhos. "Quero conhecer novos lugares, novas pessoas, experienciar culturas diferentes...". 
"Já eu..." - respondendo eu meio a medo - "... sempre quis encontrar um sítio a que possa chamar casa".
Os nossos sonhos eram diferentes, mas nessas diferenças encontramos uma ligação.  Uma conexão tão intensa quanto inesperada.

Os nossos encontros já extravasavam o pequeno café, e numa noite amena com um luar incrível,  convidei-a, sem desvendar muitos detalhes. 
"Veste algo confortável, e leva um agasalho", pedi, antes de combinar a hora a que a apanhava.
Respondeu-me com um emoji intrigado. Já a conhecia o suficiente para saber que iria ficar a imaginar o que poderíamos fazer, e que não ter controlo sobre isso a deixava ansiosa. 
"Então, qual é o plano?" - atalhou ela ao entrar no meu carro, mesmo antes de um "olá", que só veio depois, em resposta ao meu cumprimento de sorriso aberto e provocador. 
"Encosta-te e relaxa, aproveita a viagem". 
Eu estava a adorar o desconforto que lhe causava, mas apenas porque era algo raro naquela mulher. Depois de alguma conversa de circunstância, e muitas tentativas falhadas de saber mais, chegámos ao destino. Olhou para mim confusa. Estávamos perto de uma escarpa, iluminada pelo luar. 
"Anda, confia em mim" - disse enquanto lhe abria a porta. Abri a mala do carro e retirei um cesto e uma manta. 
"Um piquenique!?" - perguntou-me, sem dar indício se isso seria uma boa ou má notícia. 
"Sim, achei que não devíamos desperdiçar esta luz." 
Guiei-a pela descida e uns três minutos depois estávamos a chegar à areia refrescada pela noite. Abri a manta e preparei o repasto que trouxera. 
"Surpreendente, o menino". 
"Ainda tenho umas cartas na manga" - respondi a sorrir. 

O jantar passou a voar, por salgados e doces, com a companhia de um bom vinho que nos ia soltando a língua e as mãos, que a certa altura já se entrelaçavam. A minha respiração acelerava, e arrisquei ao colocar a minha mão na sua coxa, subindo um pouco pelo vestido que trazia arrastando os meus dedos vagarosamente. 
Pelos vistos, ela só esperava um sinal, pois empurrou-me no peito enquanto dizia "agora encosta-te, porque também eu sei ser surpreendente". 
Ainda a olhar para mim, com um sorriso maroto, começou a desapertar os meus calções. Os instantes que demorou entre esse momento e o baixar dos meus boxers foram suficientes para que o que soltasse já estivesse bem desperto. 
"Olá..." sussurrou ela, como que a falar diretamente para o meu sexo que ainda crescia. 
Sem mais uma palavra, baixou a cabeça e senti a sua língua a percorrer a cabeça rosada em círculos. A provocação continuava, agora a percorrer todo o comprimento do meu pau já totalmente ereto e molhado. O luar banhava aquela visão, permitindo-me deliciar através de todos os sentidos. 
"Esta era a sobremesa que queria" - provocou ela, numa pausa daquela degustação intensa. 
Ainda conseguia ver o seu olhar safado e guloso, enquanto o meu membro desaparecia na sua boca quente e suave. Mas levava-me à loucura quando o tirava, chupando os testículos com sofreguidão. Os meus movimentos denunciavam que não iria aguentar muito mais, mas não podia deixar que isso acontecesse. 
"Espera, também quero o docinho a que tenho direito" - soltei ofegantemente, pedindo que parasse. 
Ainda olhou para mim em desafio, mas acedeu finalmente. Sem que eu tivesse de intervir, colocou-se em posição. Ela não sabia ao que vinha, mas escolher um vestido tinha sido uma excelente opção. Subiu um pouco a bacia para que eu conseguisse retirar-lhe as cuecas, e assim me aventurei entre as suas coxas convidativas. Beijei-a, numa tentativa de provocar alguma reação, que se fez sentir com o arrepiar da pele e alguns tímidos espasmos. Quando finalmente lambi a sobremesa desejada, já conseguia sentir o seu delicioso mel, mais saboroso do que poderia imaginar. Queria tratar o momento como alta cozinha, mas descontrolado, comecei a lambuzar-me como se estivesse faminto há dias. Os seus movimentos guiavam-me no ritmo, os gemidos na atenção ao detalhe, e o seu prazer era o meu prazer. Sentia-a perto do clímax, mas o meu egoísmo falou mais alto. 
"Quero foder-te!" - interrompi eu, ainda de pau duro, pronto, e a colocar a proteção o mais rapidamente possível. 
Surpreendeu-me de novo, e enquanto eu me posicionava, voltou a empurrar-me, e de forma quase animalesca, agarrou no meu mastro, sentou-se delicadamente, e foi ela a foder-me, com sentadas cada vez mais fortes e gemidos que mais se assemelhavam a gritos contidos. 
"Vou explodir!" - disse eu, como conseguia. 
"Somos dois!" - retorquiu, lançando a cabeça para trás, e fazendo-me jorrar com os seus espasmos que me sugavam completamente. 
Sem forças, ela por cima de mim, ficámos ali, nuns minutos que pareciam eternizar-se. Apreciando o reflexo do luar no olhar do outro...

Os dias tornaram-se semanas, e as semanas um par de meses. Sentia que podia estar a apaixonar-me. O seu sorriso era a minha visão favorita, o seu olhar dizia-me o que as palavras calavam, e eu ansiava novamente o toque dos seus lábios carnudos. Mas, os fantasmas não me largavam. Afinal, já tinha sido destruído pelo amor antes. Na sua determinação, sentia-a a avançar com o intuito de algo mais sério, podia vê-lo na sua expressão carinhosa. Entrei em pânico! Cobardemente, afastei-a com o meu comportamento quase infantil, empurrando-a para fora da minha vida. Vi-a afastar-se, de cabeça erguida mas com o coração pesado de desilusão. "Antes agora do que depois, quando alguém se magoaria mesmo a sério" - tentei justificar a mim próprio.


Cerca de um ano passou, pleno de arrependimento e saudade. Sentia falta da sua gargalhada, do seu olhar meio mas mordaz, da sua presença de luz. Tardou, mas percebi que só poderia ser ela a ajudar-me a curar as minhas feridas. A introspecção, guiada por terapia, fez-me crescer, e ganhei coragem. Procurei-a, e mesmo sendo digital, escrevi-lhe uma carta. Um longo e sincero texto onde descrevia tudo o que sentia, a razão do meu desaparecimento, e a minha transformação. Tentei explicar-lhe que era um homem diferente, alguém que tomou consciência do que queria, e o que eu queria e necessitava, era ela.

Como mulher forte e independente, a Sofia não saltou para os meus braços, nem eu o esperaria mesmo num cenário perfeito. Considerou as minhas palavras, e convidou-me para uma conversa para me dar a oportunidade de clarificar tudo cara a cara.
Vê-la ao vivo só tornou tudo mais claro, e até o seu perfume me arrepiava. Como só ela sabe, sentia-me seguro mas ao mesmo tempo temia que ela pudesse levantar-se a qualquer momento para nunca mais a ver.
"Magoaste-me muito, sabias?" - disse-me seriamente a dado momento. 
Cabisbaixo, respondi: "eu sei, e era a última coisa que queria, mas não estava em mim, era um mecanismo de autodefesa, que afinal só serviu de sabotagem". 
"A tua sorte é que eu acredito em segundas oportunidades", disse depois, com o seu sorriso que me aqueceu. "Mas tenho umas regras! Tens de me prometer que respeitas a minha independência, e o espaço individual de ambos. Que suportarás os meus sonhos, e especialmente, que lutarás pelos teus. Que seremos parceiros e não salvadores um do outro. Não prometo um 'felizes para sempre', mas garanto-te um presente incrível." 
"Tudo o que precisares para te sentires confortável " - consenti finalmente, com um peso enorme retirado dos meus ombros ao ver uma brecha para regressar à sua vida. 
"Como devemos celebrar?" - perguntou ela.  
"Anda comigo" - respondi assertivamente enquanto me levantava e a tomava pela mão. 
Estávamos a cinco minutos do meu apartamento, mas a viagem parecia interminável com a tensão que pairava entre nós. Olhávamos de relance um para o outro, a sorrir, e posso jurar que ela ia roubando uns olhares para as minhas calças, talvez a tentar perceber a reação que a antecipação provocava em mim. 

"Vamos" - disse-lhe enquanto lhe dava a mão, após abrir a porta do carro, já na garagem. 

A subida do -2 ao 3° piso não era muito longa, mas eu já não aguentava esperar mais. Agarrei-a, uma mão na nuca, outra na cintura, e apertei-a contra mim num beijo demorado e intenso, há muito desejado, há muito devido. Correspondeu com os seus doces lábios, e a sua língua atrevida, até a porta se abrir. Sem nos largarmos, abri a porta, descalcei-me e peguei-a ao colo, com as suas pernas em meu redor, levando-a até ao quarto. Acendi um candeeiro, para deixar as sombras tomarem conta, mas fui surpreendido, mais uma vez. Mal a pousei, tocou-me nos ombros para me sentar na beira da cama, e com uma destreza invejável, em menos de nada tinha o telemóvel a tocar a música mais sexy de sempre. 



"Primeiro, tens direito a um pequeno show. Afinal de contas, é uma celebração..." - disse a Sofia, antes de começar a dançar como eu nunca tinha tido o privilégio de ver. 

Os seus movimentos eram fluidos, mas certeiros. Suaves, mas provocantes. E aquele olhar, o fogo que acendia em mim! Tirou as calças, a blusa, e ficou somente de body, escuro como a noite lá fora. Sentou-se ao meu colo, esfregando-se no meu corpo e expondo o seu pescoço, que não hesitei em beijar. Continuou a sua coreografia, e levantou-se, baixando o torso com um movimento súbito fazendo o cabelo voar, e a deixar o rabo à minha mercê. PAH! Instintivamente, dei-lhe uma palmada, apenas com a força suficiente para se ouvir, e fazê-la voltar-se a sorrir. 

Mas não foi aquilo que a parou. Em dois movimentos rápidos e quase imperceptíveis, soltou o body, ficando apenas de cuecas. Nova provocação com aproximação, e aí tenho a certeza que sentiu o meu pau duro enquanto se roçava e eu roubava mais um beijo. Sentou-se de frente, agarrou o meu cabelo, guiando a minha boca ate aos seus seios. Beijei-os, um de cada vez, provocando os mamilos excitados com a minha língua. A sua cintura continuava a dançar em cima de mim, levando-me à loucura. Estava a acelerar, e com uma reação familiar. Reconhecendo o que aí vinha, tomei as rédeas e puxei-a mais junto de mim, mordendo-lhe o pescoço, e garantindo que se vinha num delicioso orgasmo, gemendo ao meu ouvido. 

"Hmm, já não dançava há muito tempo" - soltou ela ainda a recuperar o fôlego.  
"Não perdeste o jeito, Sofia" - respondi, ainda louco. 

Poucos segundos depois, despiu-me as calças, os boxers, e abocanhou-me o sexo duro e babado. Deliciou-se, enquanto me enlouquecia, mas eu queria mais. Fiz-lhe sinal, e ela veio para cima. Trocámos, e com ela de barriga pra cima, percorri o seu corpo de beijos e toques subtis. Senti como estava encharcada e pronta para me receber. Quando deslizei no seu calor, toda a minha pele se arrepiou. Finalmente, com ela, dentro dela. Dois, num. Movimentos que perduravam, a saborear cada centímetro e cada gemido. Mas o corpo pedia mais, mais intensidade, mais ritmo, e assim foi. 

Agarrei o rabo para levantar um pouco o seu corpo e o ângulo estava perfeito para as investidas. Os corpos suados colavam-se, e o som das batidas era pura melodia, só abafada pelos seus gemidos descontrolados. Pouco depois, senti as suas pernas a fecharem-se em meu redor, a definir um ponto sem retorno de prazer. As estocadas eram fortes e ritmadas. Olhos nos olhos, sorrisos cúmplices, e o tempo em suspenso. Sem falar, íamos partilhar o clímax. Ela arqueou o pescoço e revirou os olhos, e no momento que o seu corpo estremeceu, também eu me deixei ir numa explosão completa e indescritível! 

Sentia que estava drenado e ainda conseguia aperceber-me dos seus espasmos, como réplicas de um sismo de magnitude impensável. Encostei a minha testa suada ao seu peito, e ri-me, sem querer. Contagiada, também ela se juntou e riamos quase à gargalhada, mesmo sem fôlego para isso. Beijei-a, uma, duas, cem vezes. Deixámos os olhos falarem, em silêncio, como naquela noite ao luar, e adormecemos ali mesmo, um no outro.

Assim começou o nosso romance. Repleto de paixão e compreensão, um amor capaz de coser esta manta de retalhos de homem, fazendo-o crescer. Já não temia os meus sentimentos, abraçava-os. Partilhamos sonhos e receios, que afinal não eram assim tão diferentes. 

Hoje viajamos o mundo, mas eu nunca deixo o único "lugar" a que chamo casa: Ela.





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