Uma rejeição transformadora

Sempre soube que não era normal, mesmo em criança. Vinha de uma família de classe média-alta, e mesmo assim via amigos meus, de estatuto superior, que não tinham algumas das coisas que eu tão orgulhosamente exibia pela escola. Os meus pais eram simplesmente incapazes de me negar algo que pedisse. E desenganem-se se pensam que eles tinham algum tipo de escolha. Mesmo os professores acabavam por fazer tudo o que eu realmente queria. Mas também cedo percebi as consequências que podia ter, e a responsabilidade que isso acarretava. Não fazia ideia do "porquê", mas ao contrário de um parasita que é capaz de matar o hospedeiro sem dar conta que está a deitar por terra o seu próprio sustento, eu sabia que tinha de cingir-me às batalhas mais importantes. Isso, ou levaria os meus pais à falência antes de atingir a adolescência, ou alguém somaria 2 + 2, trocando-me de escola, ou pior, internando-me para chegar ao fundo da questão.

Obviamente, aproveitei-me do meu especial "carisma" em variadíssimas ocasiões. Imaginam que não era fácil controlar o ímpeto de um adolescente a quem nada seria negado, não? Fui o primeiro a beijar a Laurinha do 7º C, a princesa da escola, e a dada altura já não tinha de querer para que algo me batesse à porta. Pouco mais tarde, era complicado resistir a algumas das tentações. Mulheres feitas que me olhavam com apetite de algo mais. As hormonas efervesciam e gritavam-me ao ouvido para avançar, para tirar partido da situação, mas elas não tinham o meu poder, e consegui adiar o inevitável... Até aos 16 anos, não tinha interesse em sair para discotecas, ainda que o pudesse ter feito. Mesmo sendo uma pessoa solitária, preferia passar os serões com amigos. Mas agora, também eles o podiam fazer, e lá fomos. Era verão, e frequentávamos o bar "Tremor". Na altura, beber shots parecia uma boa ideia, mas o meu corpo acabaria por punir-me por isso, e hoje em dia não suporto a ideia de beber um, mas aquela noite seria muito diferente não fora a menina Tequila.

"Virou!" - gritámos, ao iniciar o ritual de lamber o sal da mão, beber, e morder o limão. Pousámos os copos um instante depois, mas um dos meus amigos calculou mal o movimento, acabando por derrubar o copo do lado. A dona, com razão, exaltou-se, mas felizmente para o meu amigo, a minha "capacidade" também serviria muitas vezes para resoluções diplomáticas. Atravessei-me rapidamente entre os dois, pedindo desculpa, explicando o acidente e oferecendo-me para cobrir o prejuízo. Só depois da situação acalmar reparei nela verdadeiramente. Tinha uns 19 ou 20 anos, cabelo castanho e rebelde, um olhar intenso, e lábios carnudos pintados de vermelho sangue. Vestia de calças de ganga e camisola larga, cinzenta, deixando ver umas alças brancas por debaixo. Estava confortável, mas não menos atraente por isso, bem pelo contrário. Deixei-a voltar à sua conversa, mas não me afastei por completo. No espaço de 10, 20 minutos, devo tê-la ouvido soltar umas valentes caralhadas variadíssimas vezes. Na altura ri-me, e pensei que era por ser imaturo ainda, mas hoje sei que sorriria de novo, porque não há nada mais genuíno que um "foda-se" solto na altura certa.

Estava a gostar do que via, mas não sabia como abordá-la sem usar o meu trunfo. "Ainda me sinto mal pela situação de há pouco, posso oferecer-te outra bebida?" - ousei perguntar. "Não, deixa estar, não te preocupes que já passou." - respondeu, voltando imediatamente à sua conversa. Esperei uns minutos, tentando imaginar alguma frase que pudesse suscitar um mínimo interesse em conversar comigo. Não me ocorria absolutamente nada. Mas não queria perder a oportunidade, de todo. Sabia que era batota, mas aproximei-me, toquei-lhe no braço para que se virasse, e disse convicto: "Gostava mesmo de conversar um pouco mais contigo". Para grande surpresa minha, sacudiu o braço e irritada exclamou "Mas o que é que tu queres, miúdo? Desampara-me a loja!". Aquilo bateu-me como um murro no estômago, algo que nunca havia sentido antes na vida. Rejeição. Fui rejeitado pela primeira vez, e não sabia como reagir. Não sabia o que responder enquanto ela me fitava, e limitei-me a pedir desculpa e a voltar costas. O som desvanecia, mesmo enquanto atravessava a pista de dança. Encostei-me no outro lado, a tentar processar o que acontecera segundos antes. Afinal nem todos me eram vulneráveis. Seria assim de agora em diante? Tinha aprendido a controlar-me, a não abusar, mas nunca me tinha preparado para um verdadeiro "Não". Nunca tinha aprendido a processar tal resposta, como uma pessoa normal...

Decidi sair daquela espiral negativa, e misturei-me na pista, à procura de algo. Fui devagar ao encontro de um grupo de raparigas que dançavam de forma despreocupada. Coloquei-me lado a lado com uma delas, loira, cabelo liso e comprido. Calças brancas justas, e top azul claro que realçavam uns seios bem definidos. "Quero-te" - disse-lhe ao ouvido. Pediu-me para repetir, e tive de o fazer mais alto. "QUERO-TE AGORA" - quase gritei, e mesmo assim só ela me ouviria. Parou de dançar e olhou para mim. Eu sabia que a tinha na palma da mão. Agarrou-me no pescoço e beijou os meus lábios. Retribuí, segurando-a bem perto e beijando-a de língua. Era doce, quase licorosa. Minutos depois, peguei-lhe na mão. Sem algum sinal de subtileza, guiei-nos até à casa de banho. A porta do cubículo ainda não tinha fechado por completo e já ela havia posto a mão dentro das minhas calças. O toque estava quente, e o sangue a fluir deixou-me rapidamente duro e a pulsar. Enquanto isso, beijávamo-nos intensamente. Massajava-lhe o cabelo, e expunha-lhe o pescoço. Não tinha muita experiência, mas sabia que um beijo ali funciona sempre. Agora era eu a usar a minha mão, e logo pude sentir que estava molhada. Não demorou muito até me afastar e descer até ficar à altura do meu sexo. Sem cerimónias, tomou-o na boca, continuando os movimentos com a mão ao mesmo tempo. Mas algo estava errado em tudo aquilo. Devia estar a ter um prazer arrebatador, mas só pensava em como aquilo era falso. Não era uma escolha verdadeira, genuína, mesmo que ela estivesse a ter todos os sinais bioquímicos certos para ter uma boa experiência. Mas não somos apenas bioquímica, e no dia seguinte como se sentiria? E aquele "Não"? Porque me estaria a custar tanto? Era demasiado... "Desculpa, mas não podemos continuar, não é justo para ti" - expliquei, enquanto a afastava e me vestia. O seu olhar era de confusão, mas mesmo que ela quisesse discordar, não o conseguiria fazer. Saí sem me despedir do grupo e fui para casa. Mal dormi nessa noite. Aquela rejeição mostrou-me um mundo novo, e não sabia como regressar...

Passada a surpresa, reergui-me, e adaptei-me. Sabia agora que nem sempre levaria a minha avante, mas estava bem com isso. À medida que os anos passavam, o meu controlo era melhor e aprendi a manipular as pessoas sem ter de dizer explicitamente o que queria. Uma batota menor, se quiserem, mas ainda assim... Tive muitas mulheres durante os 10 anos que se seguiram, mas vivi sempre atormentado pela dúvida. Por muito que evitasse, haveria sempre uma parte de mim que saberia que a relação, por mais curta ou longa que fosse, não era 100% real... Enojava-me pensar que pudesse ser sempre assim, mesmo fazendo tudo para manter as coisas autênticas, jogando o "jogo" pelas regras. Não era fácil. Fazia sempre um pequeno teste inicial, e todos falhavam. Não voltei a encontrar mais ninguém que não conseguisse manipular, embora, por vezes, parecesse eu o manipulado. Sabiam o que podia oferecer, e era apenas isso que procuravam. Acabava por ser uma relação de simbiose, em que os dois retiravam o que precisavam no momento, e seguiam a sua vida depois. Sem estragos, sem danos colaterais. Profissionalmente, não era muito diferente. Subi a pulso, e rapidamente, na competitiva área financeira, como mestre na mesa de negociações. Mesmo aí evitava dar nas vistas, e sabendo que o verdadeiro poder não dá a cara, mantive-me na sombra, onde podia jogar as cartadas certas.

Aprendi a saborear uma boa negociação. O meu trunfo era um último recurso, e tirava um verdadeiro gozo de uma vitória real. Tudo isto implica que, mesmo que não precisasse, eu preparava cada reunião minuciosamente, estudando as empresas adversárias ao mais infímo pormenor. Num dia cinzento de Março, chegou uma das mais importantes reuniões que já havia tido. Estávamos à beira de conseguir uma aquisição de outra empresa, extremamente bem cotada, e era minha função conseguir o melhor preço. Do outro lado sei que estaria um tubarão, Sónia Oliveira. Conhecida por ser implacável e conseguir aproveitar-se das fragilidades mal estas surgissem, como sangue na água. Mas eu estava preparado. Li os negócios onde havia estado envolvida, e tinha delineado vários cenários. Como habitual, cheguei à sala com alguma antecedência, para ultimar uns detalhes com o resto da equipa. Chegada a hora combinada, começaram a entrar os elementos contrários, e foi nesse momento que fiquei completamente desarmado. Era ela! Mais madura, vestida de fato e saia comprida, salto alto, cabelo sob controlo, mas era ela, sem dúvida! Passados mais de 10 anos sem conhecer outra alma capaz de me resistir, e ali estava a primeira... Parecia que tinha voltado aos meus 16 anos e não sabia o que fazer. Sentia a minha confiança a esvair-se rapidamente enquanto cumprimentava os colegas. "Será que se lembra de mim?". Teria a resposta em breves segundos. Ia inclinar-me nervosamente para a cumprimentar, quando ela me estende a mão. "Como está?" - perguntou, sem qualquer indício de me reconhecer. Aliviado, e a tentar disfarçar o meu quase falhanço, respondi com um firme aperto de mão.

A primeira hora foi de apresentação de ambas as partes, e parecia que toda a minha estratégia se havia varrido da minha mente. Estava a tentar concentrar-me, mas era impossível. O simples gesto dela a retirar o cabelo do rosto, prendendo-o atrás da orelha, me prendia a atenção. Era este o poder dela? Ou seria o poder do "Não", que ainda perdurava após todos estes anos? De confiança abalada, chegou a minha vez, e apresentei os meus números. A preparação dava frutos, tinha corrido bem. Mas depois... Ela deitou contra-argumentos na mesa, dois por cada um que eu oferecia. Ela estava a destruir-me, e sabia-o, ela e todos na sala. A minha equipa olhava incrédula para mim, pois nunca me haviam visto perder, sobretudo daquela maneira. Em desespero, lançava pedidos explícitos, como fazia antes em último caso. Ainda que todos os membros do outro lado quisessem aceitar a minha oferta, a Sónia tinha a última palavra naquela mesa, e de mão firme, rejeitou-as todas, sem pestanejar. Já passava das 13h30 quando terminámos, concordando num valor muito mais alto do que alguma vez estaria disposto a oferecer nos planos iniciais, mas talvez ainda conseguisse uma pequena vitória no meio dos escombros. "Depois desta tareia, posso ao menos levar-te a almoçar? Conheço um sítio aqui perto." - perguntei, timidamente. Olhou para mim, depois para o relógio, e esboçando um leve sorriso respondeu: "Tenho uma hora, e só aceito porque não me pareces tão arrogante como dizem...". "Er... Obrigado? Vamos lá." - disse finalmente, surpreendido por ter aceite.

Não podia falhar, tinha de causar uma boa impressão, desse por onde desse. Levei-a a um restaurante italiano perto do escritório. Era o melhor que conhecia ali nas redondezas. Recomendei o risotto de lagostim, e aceitou a sugestão, embora não o fizesse em relação ao vinho. Tinha de me habituar... Conversámos durante toda a refeição. Eu estava desconfortável, mas não me sentia tão bem há muito tempo. Consegui até arrancar-lhe um sorriso de orelha a orelha. Aconteceu no momento de pagar a conta. Esticou a mão para pagar, mas insisti. "Não se trata de machismo ou cavalheirismo. Estou apenas a reconhecer a minha derrota perante um adversário digno". Valeu a pena quando nos despedimos depois de trocarmos contactos. Mais tarde, todos me olhavam de forma diferente no escritório. Sei que nas suas mentes passava a dúvida se voltaria a ser como antes. Mas, eu sabia a verdadeira razão, e estava com um sorriso genuíno. Isso deve ter sido ainda mais desconcertante...

Consegui suster a tentação de lhe ligar no próprio dia, mas no dia seguinte enviei uma mensagem. "Olá Sónia. Queria agradecer-te novamente teres aceite almoçar comigo ontem. Por acaso estarás livre para jantar esta semana? Um beijo, Nuno". Esperei, mais ansioso do que gostaria de admitir, umas 3 ou 4 horas. Já era final do dia quando recebi a resposta: "Boa tarde Nuno, não tens de agradecer, tive muito gosto. Jantar? Precisas de algumas dicas de negociação? ;) Beijo". Para além de tudo, ainda conseguia evadir-se com sentido de humor. Respondi na mesma moeda, e marquei data e local. Estava a formar-se a tempestade perfeita...

Tive de puxar o meu "carisma", mas consegui uma reserva no novo restaurante do Chef da moda. Não quis que a fosse buscar, e assim cheguei mais cedo para garantir uma boa mesa. Nunca me esqueci da visão que foi a sua entrada. Vi-a ao longe, a falar com o empregado. Estava deslumbrante. Vestido branco até acima do joelho, que lhe acentuava a figura. Trazia o cabelo solto, mais parecido com o que lhe recordava, e a classe com que andava, dava-me água na boca. Levantei-me, sorri e ela retribuiu. "Deste bem com o sítio?" - perguntei para quebrar o silêncio. "Sim, nada que o GPS não conseguisse ajudar". Eu nunca tinha estado nervoso num encontro antes, mas também ninguém tinha sido capaz de me negar algo. O facto de eu não ter poder algum sobre ela, só mostrava o poder que tinha ela sobre mim... A conversa, e o vinho, fluiram, os risos multiplicavam-se, e estava a ter uma das melhores noites da minha vida. Tanto que não demos pelo tempo passar e tivemos de ser convidados a sair pois o restaurante estava já a fechar.  Ajudei-a a vestir o casaco pois o frio ainda se fazia sentir naquele início de Primavera, e acompanhei-a até ao seu carro. "Queres vir até minha casa e beber um último copo de vinho? Não quero que a noite acabe..." - convidei. "É melhor não. Já é tarde, e amanhã tenho uma reunião importante, outro arrogante para derrotar, sabes como é" - respondeu, com um olhar safado que ainda não tinha visto nela. Só me fez desejá-la mais. Arrisquei, e mergulhei à procura de um beijo. Ofereceu-me a face. "Ok, que comece o jogo" - pensei, enquanto acenava em despedida.

Nas duas semanas seguintes não foi fácil conjugarmos as agendas, mas fiz de tudo para acomodá-la, e fomos jantar mais duas vezes. Sentia-a mais solta comigo, partilhámos algumas histórias, e podia ser apenas impressão minha, mas podia jurar que de vez em quando me olhava a morder o lábio enquanto achava que estava distraído. No final do segundo jantar, colocou a sua mão na minha palma, e eu apertei-a um pouco, a sorrir, talvez para confirmar que era real. Na terceira vez, tinha concordado em que fosse eu a ir buscá-la no meu carro, pois o restaurante ainda ficava um pouco fora da cidade. Nessa noite, não foi preciso esperar sequer pelo primeiro prato para me dar a sua mão. Segurei-a um pouco, e sorrimos os dois, apenas interrompidos pela chegada do empregado com uma garrafa de vinho. A meio da refeição, tomou-me de surpresa, quando senti um pé descalço a tocar-me na perna. Adoro provocações, e pelos vistos ela também, pois não me esqueço do olhar atrevido que me lançou quando o fez. Não parou por ali, e foi subindo com o pé lentamente. Percebi o que ali vinha, e, já excitado, cheguei-me o mais à frente possível. Pousou o pé entre as minhas pernas, na cadeira, mas parou de mexer. Devo ter reagido de forma engraçada uns segundos depois, já que ela não conseguiu conter uma gargalhada. Retirou o pé e voltou a comer como nada fosse. Eu estava a dar em maluco... Que jogo era este? No final, partilhámos uma sobremesa, e deixei-a ficar com a melhor parte...

Depois do jantar, fizemos a viagem de regresso ao som de alguns clássicos de rock. Ao vê-la ali, a cantar como se não tivesse uma preocupação no mundo, apercebi-me. Estava a apaixonar-me. Era simples, era ela. Mas... e o "Não"? Estacionei mesmo à sua porta e disse-lhe: "Tenho pena que estes jantares acabem tão cedo...". Os meus olhos iluminaram-se com a sua resposta: "Talvez hoje não tenha de ser assim...". Saiu, e sem me dar tempo para processar, bateu no vidro, fazendo sinal com o dedo para a seguir. Assim fiz. Entramos no apartamento, tinha um janelão enorme sobre a cidade. As luzes eram tão brilhantes que acendeu apenas um candeeiro na sala. Sentei-me no sofá enquanto ela se esgueirou até à cozinha para buscar um digestivo para dois. Durante a conversa que se seguiu, eu devia estar numa espécie de transe. Não me lembro do tema, mas recordo-me do seu vestido vermelho escuro, com um decote rendado que me fazia imaginar... Repetidamente olhávamo-nos nos olhos, e acabava ela por desviar. "Não consigo desviar o olhar de ti, perdoa-me..." - soltei. "Já reparei, mas estás muito longe" - respondeu, enquanto se aproximava de mim, colocando a mão na minha perna. Soube que não teria de pedir, e tentei roubar um beijo. Mas como se rouba algo que alguém queria já oferecer? Sentir os seus lábios pela primeira vez levou-me a viajar. Era uma mistura de doce, quente, e conseguia provar a sua língua suave. Toquei-lhe no rosto, segurando-lhe na nuca com a mão livre. Tinha estado com tantas mulheres, e com nenhuma sentira algo parecido... Beijei o pescoço, de um lado e do outro, descendo até à clavícula. Interrompeu-me, e sem largar a minha mão, guiou-me até ao quarto. Outro janelão que inundava a divisão de luz. Sentei-me na cama, e ela ligou o sistema de som, começando uma dança que me deixaria louco...

Os seus movimentos eram perfeitamente ritmados, e agora nem ela desviava o olhar. Tirou as alças do vestido, uma de cada vez, e lentamente deixou-o cair a seus pés, com uma pequena ajuda de movimentos de anca. A sua figura era deliciosa, com curvas que me faziam imaginar e desejar. Foi ali que percebi que não era o responsável por isto estar a acontecer. A escolha da lingerie levava-me a crer que ela já o tinha planeado. Conhecendo-a já um pouco, provavelmente tinha pensado neste e noutros 100 cenários. Era um conjunto preto. Soutien com um padrão e metade superior semi-transparente. Cueca com o mesmo padrão, fio dental. Tinha ligas a prender as meias. Que visão tentadora... Continuou a sua dança, a provocar-me, aproximando-se e recuando quando me sentia chegar. Até se sentar no meu colo. Ah, ela tinha de saber como me estava a deixar, e ia agora senti-lo, era impossível não perceber como estava duro. Rebolou um pouco mais para garantir, e olhou para mim, a sorrir. Sem saber como, já eu estava a segurar a sua cintura, e ela pegou-me na mão, elevando-a até às costas. Segui a "instrução" e soltei o soutien, atirando-o para longe. Tomei a iniciativa, e agarrei os seios firmemente. Beijei-os e senti a sua excitação enquanto ela me mordia a orelha direita. Segurei-a, levantei-me e encostei-nos à parede. Beijámo-nos loucamente, e no meio da confusão, levei a minha mão até ao sexo, desviando a lingerie. Estava encharcada de desejo. Molhei dois dedos e levei-os à sua boca. Chupou-os primeiro, e logo eu. Era como um doce néctar que me deixava ainda mais embriagado. Logo me devolveu o favor, descobrindo o caminho até ao meu membro, dentro das calças, deixando-o ainda mais erecto.

Empurrou-me para a cama e juntou-se a mim. Beijou-me, e antes que eu pudesse dizer alguma coisa, já ela se estava a sentar na minha boca, ainda apenas a desviar a cueca. Devorei-a... Lambi ao redor do clitoris excitado, e com movimentos alternados, em conjunção com os dela, saboreei-a por completo. Virou-se e senti-a retirar-me as calças, e depois os boxers. Agarrou-me no pau e era ela agora a saciar o apetite. Chupava-o de lado, e levava o seu tempo a provocar-me no topo, mas depois de uns minutos pude sentir que estava a tirar algo da mesinha de cabeceira. Colocou-me o preservativo com a boca, bem lentamente. Deixei-a acabar, mas sabia o que queria, e mal tive oportunidade, troquei de posição. Beijei-a, olhei-a nos olhos, e com as mãos no seu rosto, penetrei-a... Nunca esquecerei aquele primeiro gemido. Continuei a beijá-la enquanto acelerava, e sentia as suas unhas a cravarem a base das minhas costas. Tinha sido tão rápido, mas não era apenas sexo... "Hmm" - gemia, e nem eu conseguia conter-me também. Apertou-me com as pernas em meu redor e senti que conseguia fodê-la mais fundo. Cada estocada era acompanhada de um gemido ao meu ouvido, agora que aproveitava para lhe beijar de novo os mamilos.

Queria levá-la à loucura, e interrompi, colocando-a de quatro sem pedir. Agarrei-a pela cintura, e, para me vingar, provoquei-a uns segundos antes de me deixar deslizar de novo e sentir o seu calor. Não era a primeira vez que era tomada naquela posição, pois o ângulo do seu corpo era simplesmente perfeito. Fodia-a mais rapidamente, fazendo-a acelerar nos seus gemidos em consequência. Num dos momentos em que abrandei, pediu-me para esperar. Esticou o braço de novo à gaveta, e tirou algo que me colocou na mão. Era um vibrador, roxo, rugoso, e percebi que queria ser empurrada ao limite. Liguei o brinquedo e coloquei-o perto do ânus, rodeando-o enquanto continuava-a a penetrá-la. Podia senti-la a contorcer-se mas estava segura e dali não sairia tão cedo. Pouco depois, era a vez de brincar mais a fundo, cuspi um pouco na zona e lentamente levei o brinquedo o mais fundo possível. Ela olhava para mim como uma louca, mas eu devia parecer-lhe o mesmo. Puxei-a pelo cabelo para que conseguisse beijá-la, e não se coibiu de me morder o lábio. Sabia-me a sangue. De castigo, abandonei o brinquedo e era eu a foder-lhe por trás. Estava bem lubrificado, e ainda bem, porque o ritmo das pancadas era muito forte...

Quando me sentia a aproximar do clímax, escapou-me, dizendo "Não, não, ainda não...". Lá estava aquela palavra, que tanto conflito me causava. Um misto de frustração e tesão imenso! Fez com que me deitasse de costas, e sem demora sentou-se em mim. Aproximou-se para me beijar e antes de se levantar de novo sussurrou-me "Aguentas?". Anuí com a cabeça, e foi como dar a ordem de partida. Acelerou e montou-me como nunca o haviam feito antes. Tinha uma réstia de sorriso no rosto, misturado com a loucura que já trazia de antes. Gemíamos os dois em uníssono, e após uns minutos eu sabia que não aguentaria muito mais. Ela roçava a minha pélvis, comigo dentro, a sentir tudo, e que perfeito era. Ela lançava a cabeça para trás enquanto quase gritava, e eu estava prestes a explodir quando a pressenti próxima também. Levantei o tronco, aproximei-a de mim, expus-lhe o pescoço e mordi-a. Sem sussurrar, talvez por hábito, ordenei "entrega-te, e vem comigo!". Os seus movimentos tornaram-se selvagens, a rodar sobre mim, agarrada ao meu cabelo. Gritava agora enquanto me apertava o sexo com espasmos, fazendo-me preenchê-la! "Ahhh" - soltamos ao mesmo tempo, ao sentirmo-nos ambos a desfalecer em êxtase...

Olhei para o lado, e vi-a, suada, vermelha, cabelo desgrenhado, mas linda, tão linda... E de olhar sedento ainda. Poderia empurrá-la mais um pouco ainda? Tinha de tentar. Tirando apenas um momento para recuperar o fôlego, peguei no brinquedo, liguei-o de novo e desci... Ainda conseguia senti-la a pulsar, como réplicas depois de um grande terramoto, mas não me demoveu. Beijei-a no monte, e depois os lábios, aqueles. Provoquei um pouco com o vibrador e ela bem tentava desviar, sem sucesso. O clitoris estava super sensível naquele momento, e com o vibrador abaixo, e a língua a atiçá-lo, queria fazê-la delirar. Não demorou muito até recomeçar a gritar de prazer, e eu sabia que era questão de segundos. Sentia-a a segurar-me a cabeça, a manter-me focado no objectivo, o seu prazer total! Era agora... Variava a posição do vibrador, entrando ligeiramente, tudo enquanto a língua fazia magia. "Hmmmmm" - soltou finalmente, enquanto explodia num orgasmo magnífico! Os espasmos eram de corpo inteiro, com as pernas completamente rígidas, com uma mão no seio e a outra quase a arrancar-me cabelo. Perdeu as forças quase de imediato. "Como conseguiste isto?" - perguntou uns minutos depois, a sorrir. "Simples, segui os sinais. Mas tenho um segredo para te contar...". "Não te preocupes, eu sei quem és, miúdo..."

Essa noite foi a primeira de muitas que tivemos os dois. Não foi a mais intensa, nem a mais interessante, mas foi memorável, sem qualquer sombra de dúvida. Ironicamente, a única pessoa capaz de me dizer "Não", foi a que escolhi para dizer "Sim", há 10 anos, 3 anos depois de nos conhecermos. Aceitou-me como sou, e fez-me melhor, literalmente....


















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