Uma máscara reveladora

Nunca gostei do Carnaval... Nem em miúdo me sentia bem quando à força me vestiam de polícia, de ladrão, animal ou outra coisa qualquer. Não gostava de máscaras principalmente. Recortes pequenos através dos quais só conseguia ver uma pequena parte do mundo, e sem buraco para a boca que me deixava a respirar quase ofegantemente desde o primeiro instante. Mal sabia eu as máscaras que iria ainda colocar ao longo da minha vida... Não julgo quem gosta da folia da quadra. E até consigo apreciar a originalidade de uma fantasia ou outra, principalmente quando envolvida em sátira, seja social ou política. E muito embora por cá o Entrudo nos "presenteie" com uma quantidade indesejável das chamadas Matrafonas, ainda existe uma certa dose de sensualidade nalgumas escolhas. Aprecio o facto de deixarem as amarras cair, nem que seja apenas por uma(s) noite(s), de se encherem daquela auto-confiança que transpira sexualidade, e partilharem o seu dom com o mundo. Ironicamente, precisamos de uma máscara para sermos mais genuínos, e é esse o problema, a meu ver...

Nem sei o que me passou pela cabeça para este ano aceitar o convite. Recusei, arranjei desculpas, e mesmo assim fui vencido pela exaustão. Cheguei uns minutos depois do combinado, era um Baile de Máscaras mas clássico, num salão do início do século XX, decorado a rigor. Luzes baixas, cores dominantes eram o preto e o dourado. Como me decidi apenas na véspera, acabei por fazer uma interpretação livre do Fantasma da Ópera. Vesti um fato preto, laço branco, arranjei uma capa negra emprestada e encontrei uma viseira de homem, branca. Ao menos nesta conseguia respirar... 

Alguém pôs conversa comigo, mas o meu objectivo era outro. Ia respondendo desinteressadamente enquanto percorria o salão com o meu olhar. Por causa da máscara tinha de mover a cabeça e não ser tão subtil quanto gostaria, mas enfim... Fixei o meu olhar na mesa de bar do lado oposto. Ela estava com um vestido vermelho vivo, longo, escorrendo pelo corpo como se tivessem derramado um néctar daquela cor, até ao chão. As costas estavam descobertas mas dos lados saiam longas plumas. Nos pavões é o macho que ostenta as cores magníficas, mas ainda bem que não somos pavões... O cabelo estava amarrado num penteado que o arrumava completamente dentro de uma coroa. Parecia de coral, também vermelha. Finalmente, quando se virou, reparei numa viseira vienense, mas que lhe deixava ambas as mãos livres por estar segura na coroa. Não sei qual era o objectivo da fantasia, mas se era o de me prender, conseguiu-o plenamente.

Escusei-me da conversa, e aproximei-me da mesa. Pedi um whiskey, sem gelo, e enquanto esperava perguntei com um sorriso: "Boa noite. É suposto ser alguma rainha?". "Olá. Não exactamente. Tenho uma coroa todos os dias, mas só hoje ela é visível. Madame Luísa" - respondeu, estendendo-me a mão no final. Beijei-a com uma ligeira vénia, entrando no jogo. "Sou Sérgio, Duque d'Além-Mar". Sorriu com os seus lábios carmesim, como se já esperasse o meu tipo de resposta. Mesmo através da máscara, consegui ver os seus olhos brilhantes, um castanho esverdeado a equilibrar a inocência com o desejo. "Veio sozinha Madame?" - soltei, depois de receber a minha bebida. "Sim. Combinei com alguém que pelos vistos já não virá...". 

Depois de alguns minutos de conversa, acabei o meu whiskey e ela o seu gin, e puxei-a para a pista de dança. Ainda tentou resistir, mas pouco. Felizmente a playlist não era tão clássica quanto o tema poderia fazer crer, e dançámos. Como dançámos... É delicioso ver uma mulher a divertir-se de forma despreocupada. Poder ver um sorriso autêntico, mesmo com o resto do rosto coberto. "A Madame quer dar uma volta?" - perguntei-lhe ao ouvido. Acenou afirmativamente e guiei-a até à varanda. Notei um farrapo de cabelo a cair-lhe da coroa. Provavelmente por causa de todos os movimentos na pista. Com a minha mão ajeitei-o e no regresso, deixei a minha mão tocar-lhe o pescoço por "acidente". 
Ela percebeu o meu teste e mordeu o lábio, o que é algo a que eu não resisto. Puxei-a junto de mim, longe da luz do interior, e beijei-a profundamente enquanto a segurava pela cintura. Conseguia sentir o seu coração a bater mais forte, junto com o meu, e agora eram as nossas línguas que dançavam. Pousei-a de seguida, e olhámo-nos nos olhos, a centímetros de distância. Era electrizante... "Vamos?" - interrompi. "Estava a ver que não perguntavas" - respondeu.

Passamos rapidamente no bengaleiro para buscar os casacos, e chamei um táxi. Levou-nos até um hotel conhecido a meio caminho entre a festa e a minha casa. Não era a primeira vez que ali ficava, ao ponto de já ser um pouco conhecido por ali. "Boa noite Sr. Mendes, Feliz Carnaval". "Sim, sim, igualmente" - despachei a conversa enquanto me davam a chave do quarto 279. Subimos rapidamente, e mal fechei a porta do quarto, virou-me, beijou-me e disse: "Esta noite não vai ser como a antecipaste". Intrigado, segui com ela até a cama, onde me empurrou. Deitado, vi-a tirar algo da mala. Abanou duas algemas à minha frente, surpreendedo-me verdadeiramente, o que não é facil, diga-se. "A Madame é quem dita os termos" - disse, enquanto me prendia os braços à cama depois de me tirar a capa e o casaco. Nunca me tinha encontrado naquela situação, e não estava confortável naquele papel. Não é a minha natureza. Mas quem podia dizer que não aqueles olhos? E confesso que estava curioso, muito curioso...

Lentamente tirou uma alça, seguida da outra, deixando cair o vestido a seus pés. Por debaixo, estava uma lingerie de duas peças seguras por ligas, também vermelho fogo, rendadas. O título não existia de facto, mas o poder era real e eu podia senti-lo. Ali estava uma mulher poderosa, com tudo o que isso acarreta. Nunca tirou a coroa ou a máscara, e sentou-se ao meu colo. Queria abraçá-la, mas estava incapaz. Era ela quem me beijava os lábios, com cuidado para as nossas máscaras não interferirem. Rapidamente passou a provocar-me, expondo o seu pescoço, mas longe o suficiente para que não o pudesse alcançar. Riu-se antes de mo permitir, e eu queria garantir que ela não se arrependia. Estiquei-me o mais que podia, beijei o pescoço em vários sítios, e mordisquei a orelha só para levar uma chapada. "Tsc tsc tsc, já disse que sou eu que mando hoje". Confuso, obedeci.  Continuou a provocação ao retirar a peça do soutien, deixando-me ver, bem perto, os seios livres, de mamilos bem excitados. O desejo de a agarrar, de sugar o seu peito era tão forte. Ainda testei as algemas, mas eram resistentes. Deve ter percebido, ou o seu desejo era o mesmo, pois logo me deu a provar. Primeiro um, e só depois o outro... Enquanto isso, senti a sua mão entre a minha camisa, a sentir o meu peito quente. Afastou-se e rapidamente a desabotoou. A sua mão agora começava a descer, até se perder por dentro das calças e sentir em que estado estava. Sorriu, talvez por saber que era a culpada. "Estás pronto, sinto". "Estou sempre pronto para a Madame" - alinhei.

Tirou-me as calças, mas deixou-me ainda de boxers, pretos e justos q.b.. Enquanto nos beijávamos, ela segurava-me o cabelo e roçava-se no meu colo. Acho que o ponto de provocação já tinha passado, pois quando conseguia um vislumbre dos seus olhos, conseguia ver luxúria do mais puro grau que havia visto. Pôs-me as mãos nos ombros e deitou-me. "Não te mexas" - ordenou, enquanto tirava as cuecas, já encharcada, deixando a liga com as meias. Subiu de novo à cama, e colocou-se por cima de mim, o seu sexo bem na minha face. Tirou finalmente os meus boxers, soltando o meu membro, que já pulsava de tão excitado, beijando-o. Segui a instrução e beijei-a ali também. Como era deliciosa, quente e molhada... o sabor do Prazer era intoxicante. Ela já me tomava também na sua boca, agarrando-o com força, chupando-o ora completamente, ora apenas o topo, de leve. Eu também ia variando, ao ritmo dos seus movimentos, quase sem parar para respirar. Era a terceira dança da noite... Mesmo com a boca ocupada, ouvia-a gemer quando chupava um pouco o clitoris excitado. Após uns minutos, desceu e, olhando para mim de soslaio, roçou mais um pouco, desta vez sem peças de roupa pelo meio. Eu já estava louco, e queria mais, muito mais! Ainda inclinada para a frente, de costas para mim, não demorou até ela levantar ligeiramente e provocar-me mais ainda, ao bater de leve o meu pau contra o seu sexo molhado. Quando eu já estava prestes a implorar, deslizou-me dentro dela, e naquela posição, fodeu-me... Ia olhando para mim, como que a contemplar a sua vitória, sabendo que eu estava completamente dominado. A visão era divinal, e os seus movimentos seguiam um ritmo errático mas que funcionava na perfeição. Os gemidos aumentavam, e nem eu resisti em juntar-me. 

Quando eu achava que ela poderia estar perto de terminar, parou... "Vou soltar-te, mas vais comportar-te e tomar-me como eu quero, com as minhas regras!". Acenei a concordar, mas vi ali a minha oportunidade. Mal me soltou o segundo braço, agarrei-a com força. Deu luta, mas desta vez ganhei eu. Consegui prender os seus dois pulsos, um ao outro simplesmente, e finalmente sentia-me no meu ambiente. "Foi giro" - disse. "Mas sabes, aqui acabo sempre por mandar eu... Para não dizeres que sou injusto, diz lá qual era o teu último pedido, Madame". Sem dizer uma palavra, empinou o rabo e pousou os cotovelos, olhando para mim, desta vez com um olhar submisso, a pedir genuinamente. Não pude resistir, e tomei-a. Estava tudo tão quente, que comecei a acelerar rapidamente. Segurava-a, e era eu que a fodia agora, ao meu ritmo. Ela gemia cada vez mais alto, e isso só me fazia tomá-la com mais força, mais fundo. Mas não queria acabar assim. Virei-a, deitando-a na cama, e garanti que ela me trancava com as suas pernas atrás das minhas costas. Penetrei-a enquanto segurava os seios, num ângulo que me permitia ir o mais fundo possível. Coloquei dois dedos na sua boca, que ela chupou avidamente enquanto gemia. 

Eu estava a espera "daquele" momento. Acelerei à procura, e a sua respiração tornou-se ofegante, e eu mal conseguia ver os seus olhos por detrás da máscara tal era a forma como se contorcia. Sabia que era agora. Agarrei o seu pescoço, e apertei. Não para causar dor, mas o suficiente para que ficasse suspensa ali naquele momento. Tomou-a de surpresa, consegui ver. Mas levou-a para lá do limite, pois tudo o que aconteceu de seguida foi inesquecível! Aguentei uns segundos, e ela entregou-se completamente. Tinha os olhos revirados, e via que queria gritar mas não lhe saia nada. Eu não deixava... Teve umas quase-convulsões de corpo inteiro, e eu sentia-a quase a esmagar-me dentro dela. Foi aí que me deixei ir também, relaxando em êxtase, por completo, incluindo a mão no seu pescoço. Recuperou finalmente o ar, com um gemido final magnífico e ficou ali, a olhar para o tecto um bocado. 

Deitei-me junto dela e sussurrei: "Gostei da tentativa, principalmente no Carnaval, mas gosto de mandar, e quem acabou por te surpreender fui eu...". Ainda com a voz a recuperar disse a sorrir: "É verdade, mas só por isso, amanhã quem faz o almoço és tu, e olha que os miúdos estão há dias a pedir lasanha". "Sim querida, não te preocupes e relaxa no nosso 279. Amo-te".












Comentários

  1. How you dare? Apanhaste-me de surpresa! Adorei a ousadia. Foi intenso e singular!
    Continua a fazer o que tens feito! Parabéns.

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  2. Numa única cena consegue uma força criativa e visual, com um toque de sexualidades alternativas... O fruto proibido que marca a diferença.
    É provocador, tentador, sedutor, excitante, erótico, sexual e ao mesmo tempo imaginário e realista.
    Pequenos textos com um potencial explosivo.
    Parabéns e obrigada

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  3. Excelente... Muito bom mesmo. 😉

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  4. Nao e novidade nenhuma que Nos mulheres somos sem duvida muito mais sensiveis, sentimentalistas.. procuramos o amor, o romance, a relacao perfeita dentro do que sao os ideais de cada uma. No entanto mtas mulheres vivem como um passaro dentro de uma gaiola..presas a uma rotinade trabalho,filhos e tarefas domesticas. Mtas vezes ignorando a "ordinaria" que existe dentro de cada uma de nós. E digo isto porque todas nos somos umas valentes "cabras" e quando o digo é com todo o respeito que merecemos. Contudo ao lerem estes contos vivem em cada frase escrita os seus mais intimos desejos. Parabens a que se dedica a construir um "mundo paralelo"

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  5. Nossa,mais uma vez estas de parabéns e nao vou falar muito,porque o calor que senti e a intensidade com que li este conto diz tudo.mais uma vez parabens

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  6. Uau!!!
    Surpreendente este final extasiante.
    Adorei!
    Parabéns vou começar a Seguir-te.

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  7. Não estava à espera desse final... mas havia aí qualquer coisa que indicava que esses corpos já se haviam possuído um ao outro antes.. �� Agradável surpresa. Parabéns!

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  8. Wow final surpreendente.
    Excitante do início ao fim, adorei

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