Uma nova sensação


    Ela era uma mistura exótica, como se a Europa e o Médio-Oriente tivessem tido a filha perfeita. Tez morena, olhos grandes, de expressão perfurante. Podia ver que sorria mesmo sem lhe ver a boca, tal a expressividade. O cabelo assentava-lhe nos ombros, escuro, mas com uns brilhos mais claros nas pontas. Mas poder ver-lhe o sorriso era outra coisa... Quando o fazia, mostrava os seus dentes quase brilhantes, e uns caninos proeminentes, como se de um predador se tratasse. Mas mal sabia ela que naquela noite seria ela a presa, e eu o predador…

    O seu nome era Bela, e trabalhava num bar que eu começara a frequentar há um par de meses. A primeira noite aconteceu numa saída com colegas de trabalho, após uma reunião cansativa a altas horas. Vi-a pela primeira vez quando nos veio trazer as bebidas. Tinha pedido um Porto branco tónico, e assim que o pousou na mesa, olhei para agradecer e fui arrebatado por aquela figura de sonho. Agradeci, e fixei o olhar. Suponho que foi demasiado porque de imediato ela desviou o seu timidamente, acenou e voltou para o bar. Não conseguia deixar de pensar nela, e de quando em vez ia disfarçadamente olhando na sua direcção, e pedia mais bebidas para a mesa, muito mais do que normalmente faria. No final da noite, mais solto, despedi-me desejando uma boa noite. Respondeu-me com um sorriso, a primeira vez que vi aquele sorriso que me marcaria.

    Aquele bar passou então a ser a minha sugestão para todo e qualquer serão fora. A desilusão que era quando me apercebia que ela não teria turno naquela noite... Mas, na segunda semana, numa noite em que lá fui sozinho, perguntei-lhe o nome. "Bela" - disse, numa voz doce e melódica. "Sou Paulo" - respondi. Parecia uma mulher inteligente, e eu não estaria a ser muito subtil, pelo que uns dias depois de alguns olhares trocados, sorrisos retribuídos, tomei a iniciativa. "A que horas sais hoje, Bela?". Hesitou, e após uns segundos respondeu - "À meia noite, mas tenho de dormir cedo". Como disse, era inteligente e logo me percebeu, mas tudo o que eu precisava era de um pouco de hesitação... 

    Porque tinha uma carga elevada de trabalho, fiquei sem lá voltar durante duas semanas. Mas naquele dia, tínhamos ganho o que passaria a ser o nosso maior cliente internacional. Eu era o líder do projecto, e estava em êxtase. Nada melhor que ver o esforço reconhecido. Era hora de festejar. Ainda com um dos melhores fatos vestido, regressei ao bar onde já me sentia em casa. Pedi uma garrafa de champanhe e regozijei quando a vi caminhar na minha direcção. Cabelo solto, vestido preto com uma lista dourada no lado direito. "Pensei que já não voltava, Paulo" - disse com um sorriso enquanto enchia o meu copo. "Enquanto souber que aqui estás, será sempre uma questão de tempo até regressar". Sorriu ainda mais. Deve ter sido um dia mesmo especial, porque até dei uns passos de dança. Foi aí que a apanhei a olhar fixamente para mim. Ainda tentou disfarçar, mas era inútil. Tudo corria bem, e tentei a sorte uma vez mais. "Sais à meia noite, Bela?" - perguntei, sem meias palavras. "Sim, mas..." e interrompi: "Está uma noite demasiado boa para ires dormir. Espero por ti". Ficou sem palavras, mas corou um pouco e acenou afirmativamente. A última hora desse dia demorou uma eternidade a passar. O meu olhar passava apenas do relógio na parede, para ela. Mas finalmente o momento chegou. Vi-a entrar nas traseiras, e uns minutos depois saiu, com um longo casaco no braço. Chegados à porta, peguei-lhe no casaco e cobri-lhe as costas. Estava frio. Por enquanto... 

    Chamei um Uber, que apareceu rapidamente. Entrámos e disse a minha morada ao condutor. "O que há aí Paulo? Algum bar ainda aberto?". "Não" - respondi apenas. Olhou para mim, e eu segurei a sua mão, e assim seguimos toda a viagem. Chegámos ao prédio onde vivo, e subimos de elevador até ao 5º piso sem trocar uma palavra, mas sempre a segurar a sua mão… Deixei-a entrar primeiro e pude notar que ela varria tudo com o olhar enquanto eu tirava o seu casaco para pendurar no bengaleiro. Pus o ar condicionado nuns agradáveis 26ºC e guiei-a até ao quarto. “Wow” – disse ela baixinho, ao entrar. De facto não me posso queixar. O meu quarto é grande e claro, com umas portas de correr que dão para uma varanda que o deixa iluminado durante o dia, e em noites de luar como aquela. A cama é “king size”, e tenho ainda dois cadeirões à sua frente. Começou por sentar-se na cama. “Aí não” – atalhei, levando-a até a um dos cadeirões. “Confortável?”. “Sim” – respondeu ela, com algum nervosismo, podia perceber. Baixei-me o suficiente para poder olhar-lhe nos olhos e perguntei: “Confias em mim Bela?”. Hesitou, mas a resposta foi positiva. Fui até ao armário e retirei três gravatas. Ajoelhei-me perto dela e pedi para não se assustar. Consegui ver um rasgo de pânico nos seus olhos quando comecei a laçar a gravata à volta de uma das suas pernas. “Vou deixar as tuas mãos livres, não te preocupes. Vais precisar delas”. “O que me vais fazer?” – perguntou, ainda claramente apreensiva. “Nada. Prometo que vais ser bem tratada.” Atei a outra perna, e vendei-lhe os olhos com a terceira gravata. Apaguei a luz, pois o luar que nos banhava era suficiente…

    Despi o casaco do fato e sentei-me no outro cadeirão. Conseguia vê-la, vulnerável e nervosa, mas linda, tal como o seu nome. “Relaxa” – pedi-lhe. “Hoje vou levar-te a um local onde decerto nunca foste antes. Vais descobrir novas sensações, assim to prometo, desde que confies em mim e te entregues… Vais explorar um mundo novo, e eu vou ser o teu guia. Quero que te concentres na minha voz. Imagina que estou a sussurrar-te ao ouvido, dois dedos de distância. Lança a tua cabeça para trás e expõe o teu pescoço.”. Sem hesitar, ela fê-lo, e eu sabia que podia continuar. “Imagina que o beijo, no lado esquerdo, e depois no lado direito, sentes?”. “Sim, sinto” – solta, baixinho. “Estou agora a segurar o teu rosto enquanto te mordo a orelha esquerda”. Vi-a contorcer-se um pouco. Levantei-me e cheguei perto dela. “Estou agora a tirar-te o vestido”, enquanto o tirava realmente. Levantei-o, e ela deu o jeitinho sem ser preciso pedir. Foi como se tivesse desembrulhado o melhor chocolate, e a visão era fenomenal. A roupa interior conjugava, e era creme. O contraste era perfeito. Mantive-me mais perto. “Sente o meu dedo indicador a percorrer-te, desde o pescoço até à cintura, bem lentamente.” Desta vez nem precisei de resposta, pois via a pele de galinha a surgir. Ela esticou a mão, tentando tocar-me na face, mas desviei-me. “Não, ainda não”. Tinha uma tatuagem no seu lado esquerdo e pedi-lhe também que me imaginasse a sublinhá-la com o dedo. Contorceu-se, quase como um espasmo.

    “Imagina que te estou a tirar o soutien” – disse, enquanto o desapertava, sem tocar nela. Atirei-o para cima da cama. “Sente-me a beijar o teu peito, bem no centro. E depois a aproximar-me dos mamilos, beijando um lado depois do outro”. Ela já mordia o lábio nesta altura, mas eu continuei: “Agora imagina que te mordo o mamilo direito”. “Ai” – soltou, com um gemido suave. “Continuo a beijar-te o corpo, mas preciso de tirar uma peça”. E baixei-lhe a cuequinha até às canelas. Juntou as pernas, timidamente, mas pedi-lhe que relaxasse, e abriu-as um pouco. Parecia deliciosa, e eu estava à beira de perder o controlo, mas consegui resistir. “Estou ajoelhado à tua frente, com as mãos na tua cintura, a minha cara apoiada no cadeirão, perto do teu sexo. Sentes a minha respiração quente. O meu beijo…”. Deixou cair de novo a cabeça para trás, e deixei-a assim por uns segundos.

    Interrompi o silêncio pouco depois: “Preciso que me faças um favor. Sente como estás molhada”. Não se moveu. “Não imagines agora, usa o teu dedo e sente como estás mesmo molhada…” Levou um dedo, passou-o por entre os lábios e sorriu. Consegui ver, mesmo naquela luz, o dedo com um brilho provocante. “Sente como estás excitada, quão duro está o teu clitóris”. Voltou a tocar-se. “Preciso que uses o dedo médio e desenhes círculos perfeitos à sua volta”. Assim o fez, e a visão era tão excitante… Soltava pequenos gemidos, doces, ao mesmo tempo que eu ouvia como estava encharcada. “Acelera um pouco agora” – ordenei, apenas para dizer que parasse uns segundos depois. “Penetra com esse dedo, até ao fundo, e mostra-mo”. Obedeceu, e não só mo mostrou, como o chupou de seguida. Eu sorri, mas sabia que ela não o conseguia ver. Invejei-a naquele momento por também querer provar o seu sabor. “Agora quero que uses os dois dedos intermédios e que com eles subas e desças no meio dos teus lábios interiores. Quero que garantas que ao fazê-lo, esfregas também o clitóris.”

    Deixei-a fazê-lo durante uns minutos. Conseguia ver que estava num estado de quase hipnose, no seu mundo, que também era o meu. Interrompia de vez em quando, apenas para que abrandasse… “Espera Bela. Volta a penetrar, mas agora com os dois dedos. Preciso que vás mais fundo desta vez”. As pernas estavam irrequietas. Podia jurar que ela queria colocar os pés em cima do cadeirão, mas não permiti. Contorcia-se, mas estava de facto a ir bem fundo, a chapinhar. Os gemidos eram mais altos, como a presa indefesa que era ali para mim. “Queres que te solte?” – “SIM!” – respondeu, quase um grito. “Não posso, preciso que te soltes primeiro… Volta a esfregar ao redor, de novo em círculos. Agora quero que vás mais rápido.” Sei que estava a tentar, mas os movimentos eram erráticos, longe de serem circulares. Mas eram rápidos, isso é certo. Sabia que ela estava no limite, e em silêncio, sorrateiramente, aproximei-me do seu ouvido e sussurrei: “Vem-te para mim, agora”. Foi o gatilho que ela precisava. Todo o seu corpo entrou em erupção! Sacudia as pernas, desfazendo um dos nós tal foi a violência, e arqueava o corpo sem parar de se tocar. Os gemidos eram ensurdecedores, e vendo que não me conseguia agarrar, apesar das tentativas, apertou um dos seios num momento que parecia durar para sempre. Fiquei uns segundos a olhar para ela, ali estendida, quase deitada. Sem falar, desfiz o nó que restava na perna, e retirei-lhe a venda. “Obrigado” – disse, de novo na sua voz doce. “Disse que serias bem tratada, mas nunca disse que seria eu a consegui-lo” - retorqui.

    Sentei-me na cama, e dei dois toques com a mão na colcha, a convidá-la. Foi como se recuperasse toda a energia novamente, e de rompante saltou para a cama. Ficou de joelhos, à espera da próxima instrução. “Podes ajudar-me” – disse, enquanto tirava os sapatos e o cinto. E com um sorriso o fez. Não conteve a admiração quando viu como estavam os meus boxers, e desabotoou-me a camisa enquanto eu tirava as meias. Beijei-a, de verdade agora. Profundamente, enquanto as nossas línguas se cruzavam. Trepou para o meu colo, e sentado, encostei-me ao topo da cama. Ela estava a provocar-me, a beijar-me o pescoço, e a mover a cintura de tal forma que o meu membro roçava nela em todos os ângulos possíveis. Sem pedir, tirou-me os boxers, mas só os baixou até à canela. Castigo, eu mereço. E continuou a roçar-se loucamente. Estávamos ambos encharcados, e toda a situação anterior já me tinha levado à beira da loucura. Sem me tocar com as mãos, ela conseguiu deslizar-me para dentro dela. O calor era tanto, e os seus movimentos eram maravilhosos. Agarrei-a mais firmemente, e ajeitei as suas pernas para que me rodeassem. Senti-me a penetrá-la mais fundo, e mais forte, segurando-a entre estocadas. Beijámo-nos loucamente nesses minutos, e senti-a a acelerar os seus movimentos, sabendo que eu também estava prestes a atingir o clímax. Peguei-lhe nos pulsos com as minhas mãos e afastei-os. Estava louco, e ela também. Já nem aguentava beijar-me. Atirou a cabeça para os lados, olhos fechados, a gemer de prazer! Era agora! Deixei-me ir com ela, e preenchi-a com o meu néctar enquanto a sentia apertar-me como que a sugar-me até à última gota! Segurei-lhe a cabeça no meu ombro e lentamente deitei-me com ela. Acariciei-lhe os cabelos até ela adormecer, mas não sem antes sussurrar: “Obrigado eu…”



Comentários

  1. Muito bom,fiquei hipnotizada a ler...Parabéns����

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  2. Muito bom. Adorei o realismo relativamente ao nao se conseguirem encontrar sempre. E as pre-eliminares foram deliciosas, nem toda gente tem a capacidade de perceber que as vezes imaginar algo é tao forte como o toque real.

    Desejosa por ler mais 😉

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  3. Estou sem palavras e tão molhada quanto a Bela. É incrível sua capacidade de escrever coisas assim. Parabéns!

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  4. A cada texto vico mais viciada. Parabens!

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