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A mostrar mensagens de março, 2024

Um café escaldante

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No coração da cidade, entre a correria dos residentes e os olhares dos turistas, havia um pequeno café onde encontrei a Sofia pela primeira vez. Ela era um farol no meio do caos, a sua gargalhada uma melodia que se fazia ouvir acima de todo o ruído de conversas e loiça. Os seus olhos, num cativante tom de avelã, brilhavam com aquela confiança que seduz e ao mesmo tempo intimida. Era uma mulher independente, dona de si, e calorosa como o sol do meio-dia. Eu, por outro lado, era um tipo assombrado por fantasmas do passado. Tinha provado o amor, e o pior que ele pode trazer, a perda da rejeição. Talvez por saber que pelo menos essa relação estava sob o meu controlo, pensava eu, abusei do álcool e tudo o que me entorpecesse os sentidos, mas principalmente os sentimentos. Eu era um resquício de homem, com medo de me abrir, de me tornar vulnerável, de ir ainda mais ao fundo... mas, coincidência ou destino, lá estava eu frequentemente naquele café, atraído como uma traça a uma chama.  Não sei